Livro explora a trajetória de fuga e morte de Josef Mengele
Jornalista francês reconstitui a vida clandestina de médico nazista na América Latina em livro vencedor do prestigiado Prix Renaudot
Ligia Braslauskas Literatura|Do R7 e Ligia Braslauskas
Em fevereiro de 1979, o corpo de Josef Mengele — o temido médico nazista conhecido por seus experimentos macabros em Auschwitz — foi encontrado pela polícia, estirado na areia de uma praia do litoral paulista. A morte decorrente de um mal súbito encerrou um ciclo que começou em junho de 1949, quando o torturador da SS, apelidado de Anjo da Morte, fugiu para a Argentina, onde acreditava poder levar uma vida nova depois da derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Essa crença se deveu à política, ainda que não oficial, de acolhimento aos criminosos de guerra nazistas durante o governo de Juan Domingo Perón (1895-1974).
Em “O Desaparecimento de Josef Mengele”, o jornalista francês Olivier Guez reconstitui os passos do médico pela América Latina — além do Brasil e da Argentina, Mengele passou pelo Paraguai, sempre na clandestinidade, e escondido sob vários pseudônimos. Municiado de sólida pesquisa, o autor optou por construir uma narrativa romanesca que, segundo ele, o permitiu chegar o mais perto possível da trajetória macabra do criminoso. O livro foi o vencedor do Prix Renaudot em 2017, um dos mais relevantes da literatura francesa.
Quarenta anos depois do fim da guerra — quando a morte de Mengele ainda não era de conhecimento público — o prêmio para quem o encontrasse vivo ou morto era de US$ 3,4 milhões. Fica a pergunta: como um médico da mais cruel organização nazista pôde passar despercebido por tantas décadas? O desaparecimento de Josef Mengele é um mergulho em um mundo corrompido pelo fanatismo, a política, o dinheiro e a ambição, habitado por velhos nazistas, agentes do Mossad (o serviço secreto do Estado de Israel), ditadores e espiões.
“O Desaparecimento de Josef Mengele”
Tradução: André Telles
224 páginas
R$ 39,90 (Impresso)
R$ 24,90 (e-book)
Editora Intrínseca
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