Country Music - Os Estados Unidos do Brasil
Entrando no universo da Country Music, me deparei com muita gente dizendo “Nossa, que diferente, não tem ninguém fazendo isso hoje no Brasil”. Ledo engano.
Toque Toque|LEO VON, do R7
Não é nada fácil fazer música internacional em países que não são oficialmente de língua inglesa. Geralmente quem domina esse mercado são os Estados Unidos e o Reino Unido, e às vezes alguma coisa espetacular sai da Australia ou Canada. Mas o sucesso internacional só vem mesmo quando estouram nos EUA ou Inglaterra. A principal dificuldade é a barreira da língua, mas além dela, existem as culturas e os mercados locais que são, na maioria das vezes, direcionados às massas da região. Algumas excessões como a Suécia, Alemanha e Itália, exportaram sucessos gigantescos. Já é difícil “chegar lá” seguindo todas as receitas para o sucesso nacional (se é que elas existem…) fazendo música do seu próprio país, agora, fazer música estrangeira para o mercado local é um desafio incomensurável.
Com tudo mais globalizado e a internet derrubando as distâncias e fronteiras, cada vez mais artistas do mundo todo têm a chance de serem ouvidos nos quatro cantos do planeta. O tempo em que precisávamos nos adequar somente ao que o mercado local ditava, acabou. As dificuldades continuam grandes, mas as possibilidades de ampliar o que seria um pequeno nicho local para um grande segmento mundial são otimistas, principalmente para quem não abre mão de fazer a música que ama de verdade.
Entrando no universo da Country Music, me deparei com muita gente dizendo “Nossa, que diferente, não tem ninguém fazendo isso hoje no Brasil”. Ledo engano. Quanto mais pesquiso, mais encontro gente fazendo música Country norte-americana por aqui. São diversos talentos, profissionais e amadores, gente que vive a cultura 24 horas por dia, seja fazendo música, assando um American BBQ, dirigindo pick-ups velhas, dançarinos profissionais ou grupos de dança, enfim, a Country Music no Brasil é um nicho muito bem disseminado que tem tudo para se tornar um forte segmento de mercado.
Desde criança sou fã do estilo, e com meus 9 anos de idade era apaixonado pelo Eduardo Araújo. Gostava do Rock’n Roll e Rockabilly que ele fazia, mas naqueles tempos dos anos 90, estava lançando um disco chamado “Pegadas”, em que cantava em português a Country Music Americana. Depois outros artistas da época abraçaram o boom do estilo nos EUA com Garth Brooks, Shania Twain e Alan Jackson, e acabaram transformando o Country de lá em Sertanejo daqui, e com o tempo fez com que no Brasil o estilo ficasse algo caricato.
Nessas pesquisas e contatos conheci Rodrigo Haddad, a banda Countruck, Roberto Trevizan, Black Sheep Band, Bastardos Country Rock, Fernando Bernardes, entre tantos outros. Fiz diversas amizades nesse universo e conheci instrumentistas espetaculares como o Marcio Alvez, Alex Fornari, Matheus Canteri (que está em Nashville), Adair Torres, Leandro Rodarte, Paulo Perin. Ainda preciso pesquisar e conhecer muita coisa por aqui. Sei de gente fazendo Country no Brasil desde os anos 70. Alguns em português outros em inglês, mas com exceção dos sertanejos já estabelecidos antes de se aventurarem no estilo, longe do número ideal de artistas conseguiu se destacar da forma que merecia, principalmente quem canta em inglês.
Como esse Blog é para falarmos de música internacional, independente de onde a música seja feita, vou abrir esse espaço para artistas brasileiros que fazem Country Music internacional. Todo movimento artístico precisa do apoio de quem faz parte dele. Por isso, além de continuarmos nosso papo sobre músicas de todos os estilos aqui no Toque-Toque, vou tentar fazer minha parte e contribuir para fortalecermos cada vez mais aqui no Brasil, esse universo que tanto amo.
Yeehaw.
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