Clássicos: Captain Beyond e seu álbum de estreia "Captain Beyond"
Com ex-integrantes do Deep Purple, Iron Butterfly e Johnny Winter Group "Captain Beyond" permanece como um dos mais importantes discos do Rock Progessivo
Toque Toque|LEO VON, do R7
Essa semana, apareceu no meu Instagram um perfil novo que tinha começado a me seguir e também havia curtido e comentado em dois de meus posts antigos. Os posts eram sobre o Captain Beyond e o perfil, OfficialCaptainBeyond.
Conheci o som do Captain Beyond quando adolescente. Tinha um grupo de fãs de Rock Clássico no Orkut (antes do Facebook tínhamos Orkut no Brasil, sim, sou desse tempo) e nele trocávamos dicas de discos, bandas e músicas. Éramos, na maioria, moleques de 14, 15 anos de idade, e estávamos descobrindo juntos uma imensidão de gravações de todos os tipos. Numa dessas me apresentaram ao Captain Beyond, a música se chamava Raging River of Fear. Consegui baixar na internet (sim, também sou desse tempo) e percebi que no final a música terminava do nada. Comentei no grupo e me disseram que o disco era para ser ouvido integralmente, sem corte, como o Dark Side of the Moon do Pink Floyd. Curiosamente, essa faixa é uma das únicas que tem começo, meio e fim, e o fim abrupto da música foi um erro no download e veio incompleta. Sorte a minha porque depois fiquei obcecado em encontrar o álbum e finalmente ouvi-lo inteiro.
Formada em 1972 por Rod Evans primeiro vocalista do Deep Purple, pelo baterista do Johnny Winter, Bobby Caldwell, e guitarrista e baixista do Iron Butterfly Larry Reinhardt e Lee Dorman, o Captain Beyond tinha um vasto ecletismo no som, misturando Hard Rock, Rock Progressivo, Jazz Fusion e Space Rock. Já que temos que rotular tudo nesse mundo, considero o estilo como Rock Progressivo, só porque acho mais fácil mesmo. Eles usavam elementos de percussão latina, guitarras com efeitos e distorções, tinham peso na forma de tocar mas com sutileza nas transições e uma criatividade sem fim para temas, riffs, melodias, andamentos, enfim, uma mistura de muitas coisas completamente diferentes que deu muito certo. Após o primeiro disco, a banda trocou alguns integrantes, terminou e voltou com uma terceira formação em apenas 3 anos. Rod Evans, após uma tentativa frustrada de usar o nome do Deep Purple nos anos 80, nunca mais foi visto pela mídia e nem pelo público. É até hoje um mistério.
Fui até a Galeria do Rock, que fica no centro da cidade de São Paulo. Lá a gente de encontra tudo, desde roupas até discos raríssimos geralmente bem caros. Lá era meu ponto de encontro até meus 19 anos de idade. Encontrei a versão nacional do Captain Beyond usada mas em boas condições e por um preço bem razoável. Realmente é um disco para se ouvir integralmente, sem intervalos. Foi o que fiz, muitas e muitas vezes. Do começo ao fim, uma verdadeira obra prima. É até hoje um dos meus discos preferidos.
Aceleramos o filme da minha vida até 2018. Estava nos EUA, trabalhando com música, feliz da vida. Toda semana tomava um café com John Regna, um grande amigo que é empresário e agente de grandes nomes do Classic Rock, como Nazareth, The Orchestra, Alan Parsons até a diva Dionne Warwick. Um dia me perguntou se eu conhecia a banda Captain Beyond que estava voltando a tocar e que haviam procurado ele para agenciamento de shows. Meu choque foi tão grande que não conseguia nem articular uma palavra. Contei minha história de paixão pela banda e pelo primeiro disco e, mais tarde naquela mesma semana, fomos juntos ao ensaio do grupo e tive o privilégio de assistir na íntegra. A formação contava apenas com o baterista original, Bobby Caldwell, que me recebeu com muito carinho. Apesar de não ter todos os integrantes originais, o som estava gigante, fiel, e emocionante. Emocionante define ver e ouvir um som que fez parte da sua vida de uma forma tão íntima e exclusiva, e o mais importante, estão mantendo a música viva para essa e futuras gerações. Abaixo, um registro desse encontro que para sempre ficará na memória e no coração. Long Live Captain Beyond!
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