Os 60 anos de Arlindo Cruz e o futuro do samba
Artista se recupera de um AVC há um ano e meio; Nesse período, estilo perdeu baluartes e viu seus principais nomes com problemas de saúde
Ziriguidum|Thiago Calil, do R7
A chegada dos 60 anos de Arlindo Cruz nesta sexta-feira (14) com o músico ainda se recuperando de um AVC (acidente vascular cerebral), sofrido há um ano e meio, me deixou pensativo. Qual é o lugar do samba hoje? Quem são as referências do estilo atualmente e o que elas fazem para ocupar este papel? É algo para se refletir.
Arlindo ainda ocupa um dos mais altos tronos do samba. Fez todas as classes cantarem o dia a dia da favela, emplacou sucessos nas vozes de nomes consagrados, cantou suas crônicas e poesias em horário nobre da televisão e, principalmente, é uma referência para os novos nomes do segmento.
Ao mesmo tempo em que o músico faz sua recuperação, Beth Carvalho vive uma luta heroica contra uma doença na coluna — ela chegou até a fazer um show deitada por conta da mobilidade reduzida —, Jorge Aragão foi operado às pressas com problemas cardíacos e perdemos nomes como Dona Ivone Lara, Almir Guineto, Luiz Melodia e Wilson das Neves... cada um que vai é um pedaço da nossa raiz que seca.
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Arlindo Cruz vai ser o homenageado da X-9 Paulistana em 2019. Confesso que no primeiro momento achei que talvez não fosse o momento mais adequado para o enredo. Mas hoje, pensando sobre tudo o que aconteceu no samba, concluí que foi uma feliz e justa escolha. São, sim, as flores em vida, como cantou Nelson Cavaquinho.
Nesse um ano e meio de pensamentos positivos pelo sambista, nada mais comovente que o esforço de Babi Cruz, mulher de Arlindo, em manter o nome do marido sempre em alta e mostrar que “o show tem que continuar”. O mesmo vale para Arlindinho, filho do sambista. E a X-9 vai coroar na avenida a luta dessa família que tanto faz pelo samba.
Não é só o fato de homenagear um nome que faz parte da história da música brasileira, mas é também o Carnaval cumprindo uma de suas missões, que é levar cultura, conhecimento para a massa. E assim, fazer com que a nossa raiz continue a florescer. Arlindo Cruz “é sorriso, é paz e prazer. O seu nome é doce dizer”. Salve seus 60 anos de vida pois Arlindo vive!
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