Vitória da Tuiuti é maior que a da Beija-Flor neste Carnaval
Escola de São Cristóvão deu a volta por cima, impressionou o público e se sagrou vice-campeã da folia carioca
Ziriguidum|Thiago Calil
Não há muito o que se discutir quanto ao mérito da vitória da Beija-Flor. Ainda mais pelo fato dela ter sido definida no último quesito, samba-enredo. Era um dos melhores de 2018, sem dúvidas. Mas se tem uma escola que de fato tem muito o que comemorar neste ano, ela se chama Paraíso do Tuiuti.
Como já disse aqui, o desfile foi a maior volta por cima da agremiação. Em 2017, uma alegoria da Tuiuti sofreu um acidente logo no início desfile. Pessoas foram prensadas contra a grade da avenida, uma morreu após dois meses de hospital. Neste ano, porém, ela caiu nas graças do povo após fazer um desfile contestador e crítico sobre os 130 anos da assinatura da Lei Áurea. Além do sofrimento negro, a agremiação apresentou as novas formas de escravidão.
Houve protestos contra corrupção, reforma trabalhista e, na última alegoria, uma escultura de um vampiro com faixa presidencial e notas de dólares. Manifestantes que bateram panela pedindo o impeachment de Dilma Rousseff também foram ironizados, retratados como marionetes em patos de borracha.
No Carnaval carioca, uma das coisas mais difíceis para quem chega ao Grupo Especial é se manter na elite. Normalmente, a mesma que sobe é a que desce. Aconteceu com a Império Serrano neste ano. E só não aconteceu com a Tuituti em 2017 pois, em razão dos acidentes — um carro da Unidos da Tijuca também teve problemas e deixou feridos — não houve rebaixamento.
Em 2018, com duas na fila para descer, muita gente achou que a escola seria a bola da vez. E, mesmo o desfile tendo impressionado, o mito de que jurado julga bandeira — favorece as agremiações mais famosas — impedia que o nome da Tuiuti fosse colocado entre as favoritas. Mas não foi o que aconteceu. E a azul e amarelo entra de vez para o time “das grandes”.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.