Análise: Emoção não é ferramenta para resolver problemas
As piores decisões na vida de qualquer pessoa, com certeza, foram tomadas com base nas emoções. A questão é: como vencer o que se sente?
Patricia Lages|Do R7
Nós, seres humanos, temos o costume de colocar a fatura das más escolhas que fazemos na conta das emoções. Quantas vezes você já ouviu alguém justificando a permanência em um relacionamento abusivo com frases do tipo: “eu não mando no meu coração”? Isso é emoção.
E quanto à má educação dos filhos justificada pela culpa que os pais sentem por estarem ausentes, mas tentam compensar dizendo sim para tudo? Mais emoção. Ou mesmo quando alguém gasta além do que pode e põe a culpa na depressão ou tenta justificar os excessos com um “eu mereço”. Pura emoção.
A verdade é que nós nos acostumamos a usar as emoções como muleta para apoiar nossas mancadas. Porém, ainda que pareçam justificadas, teremos que lidar com os frutos das más sementes que plantamos.
Quando discutimos com alguém no calor das emoções, neutralizamos nosso raciocínio e acabamos falando e agindo como não deveríamos. E, ainda que venhamos nos desculpar, não dá para mudar o passado. A ofensa já ficou gravada no coração do outro e, algumas vezes, jamais se apaga.
Diante disso, você pode pensar que emoções são incontroláveis, mas a verdade é que não são. Nós não só podemos controlar as emoções, como também sabemos como fazer isso. Quantas vezes você sentiu vontade de gritar, brigar, ofender ou até mesmo agredir o seu chefe ou um cliente, mas se conteve? Por que, nesse caso, você não se deixou levar pela emoção? Porque você pensou nas más consequências de perder o emprego ou não fazer a venda e ficar sem dinheiro para arcar com seus compromissos. Uma vez que colocamos o raciocínio em primeiro lugar, as emoções não conseguirão neutralizá-lo. E este é o pulo do gato!
Nós agimos pela emoção quando acreditamos que há justificativas para deixá-la tomar conta. Porém, como seres racionais, devemos priorizar o que pensamos em detrimento do que sentimos. Se os casais considerassem o casamento como uma empresa, focariam em solucionar seus problemas como um time e deixariam de passar boa parte do convívio em discussões sem fim, onde um culpa o outro, mas ninguém resolve nada.
Em uma empresa bem-sucedida não se foca em quem errou ou no erro cometido, mas sim, em solucionar o problema e criar estratégias para que não se repita. E nada disso é feito com base nas emoções, afinal de contas, emoção não é ferramenta para resolver problemas, mas sim, para criar problemas até mesmo onde não existe.
Patricia Lages
É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta os quadros "Economia doméstica" no programa "Mulheres" TV Gazeta e Record TV e "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. Na internet mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as segundas e quartas.
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