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Análise: Manipulação da informação, a gente vê por aí

Quem produz notícias pode até se fazer de rogado, mas sabe muito bem como empregar as palavras para manipular opiniões

Patricia Lages|Do R7

Na Califórnia é incêndio, no Pantanal é queimada. Pode isso?
Na Califórnia é incêndio, no Pantanal é queimada. Pode isso? Na Califórnia é incêndio, no Pantanal é queimada. Pode isso?

Esses dias li uma manchete que dizia que 40% dos eleitores reprovam o governo de um político aí que desagrada a grande mídia. Quem será? Para os menos atentos a manipulação é imperceptível, mas quem escolhe de que forma dar a notícia sabe muito bem o que está fazendo.

Diante da mesma pesquisa, é possível optar por palavras que façam as pessoas receberem a notícia positiva ou negativamente e esse é um exemplo claro. Colocar na mesma frase o nome de um desafeto com a palavra “reprovam” é muito mais interessante do que usar a palavra aprovam. Por isso, mesmo que a maioria aprove, todo o foco vai para o fato de que 40% reprovam. Não é mentira, não é fake news, é apenas manipulação mesmo.

A imprensa trabalha com o poder da palavra e cada uma delas é muito bem selecionada. Não é à toa que o fogo na Califórnia é chamado de incêndio, enquanto o fogo no Pantanal é classificado como queimada. A mídia sabe que está diante de um leitor passivo, que acostumou a crer em tudo o que é dito sem nenhum senso crítico. Lembrando que senso crítico é totalmente diferente de crítica vazia. Enquanto o primeiro é raro, o segundo se encontra aos montes. As agências de notícia sabem que a maioria das pessoas não pondera, não checa e nem sequer pensa antes de ir para as redes sociais compartilhar a “manipulação do momento”.

Após o recente discurso do presidente na ONU, o que mais se viu nas redes sociais foram pessoas compartilhando “memes” questionando de onde o “Bozo” tirou a ideia de que o auxílio emergencial é de cerca de mil dólares. Muitos apenas riram, outros aproveitaram para xingar e muitos afirmaram ser mentira. Enquanto isso, poucos se deram ao trabalho de fazer uma operação matemática simples chamada multiplicação para ver que o valor está correto. Havia outras coisas para noticiar e até mesmo para criticar, mas nada como fazer as pessoas de bobas, não é mesmo?

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Quando você for dirigir à noite, a primeira coisa que deve fazer depois de ligar o carro é acender os faróis. Da mesma forma, quando você for ler uma notícia, a primeira coisa que deve fazer depois de por os olhos nela, é ligar o cérebro. Essa guerra é desigual, pois enquanto quem faz a notícia é altamente treinado – e doutrinado – para manipular, quem lê não foi treinado para analisar com senso crítico, mas sim, para acreditar sem questionar e, se possível, compartilhar e influenciar mais pessoas.

Sair do ciclo da manipulação não é fácil, pois requer equilíbrio e racionalidade, mas na contramão desses requisitos, o que mais se propaga é a polarização e a emoção. Ainda assim, somos seres racionais e – por enquanto – conservamos nosso poder de escolha. Que cada um de nós saiba fazer jus ao livre arbítrio que recebeu.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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