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Análise: Trabalho infantil e pandemia são causas de evasão escolar

Fechamentos e trabalho infantil afastam crianças da escola, mas governo de SP prefere distribuir absorventes para combater evasão

Patricia Lages|Do R7

De acordo com dados do Smartlab, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o estado e a cidade de São Paulo lideram os índices de trabalho infantil do país. Segundo o número de relatos ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o estado de São Paulo representa 32% do total nacional de crianças e adolescentes (de 5 a 17 anos) que trabalham. Quanto aos acidentes de trabalho que envolvem crianças, quase metade acontece no estado de São Paulo: 48%.

Para Bernardo Moura Coelho, representante da Coordenadoria Nacional de Combate ao Trabalho Infantil (Coordinfância), uma das consequências do trabalho infantil é a evasão escolar, pois ao serem submetidas a jornadas cansativas diariamente crianças e adolescentes acabam por abandonar as salas de aula.

Crianças são vítimas da "pobreza política": trabalho infantil e evasão escolar
Crianças são vítimas da "pobreza política": trabalho infantil e evasão escolar Crianças são vítimas da "pobreza política": trabalho infantil e evasão escolar

O fechamento das escolas durante a pandemia é outra grande causa da evasão escolar, podendo chegar a 35%, de acordo com Rossieli Soares, secretário da Educação do Estado de São Paulo. Por não ter acesso às aulas online, um número significativo de crianças foi obrigado a largar completamente os estudos por praticamente dois anos.

Enquanto isso, o governo de São Paulo gastou mais de R$ 30 milhões (somente em 2021) distribuindo “gratuitamente” absorventes nas escolas estaduais, sob a alegação de que o Programa Dignidade Íntima diminuirá a evasão escolar ao combater a “pobreza menstrual”. Mas essa é apenas mais uma medida de politicagem da pior qualidade: fracionam a pobreza (como se alguém pudesse ser pobre somente em uma área e apenas alguns dias por mês), ignoram as reais causas do problema (já que em quase dois anos foi feito pouco ou quase nada para garantir o acesso ao ensino e no combate ao trabalho infantil) e torram milhões dos cofres públicos com medidas que não resolvem nada.

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Os enormes prejuízos causados pela imposição de uma quarentena extremamente longa e sem critérios já podem ser vistos mesmo pelos menos observadores. É bom lembrar que em São Paulo tivemos portas de comércio lacradas e soldadas para que ninguém pudesse trabalhar, enquanto se fez vista grossa à circulação de ônibus, metrôs e trens lotados (assim como ao trabalho infantil e seu alto índice de acidentes).

O fechamento das escolas no Brasil foi um dos mais longos do mundo e os alunos mais pobres foram os mais afetados, mas nem por isso foi cunhado o termo “pobreza escolar” ou distribuídos dispositivos e pacotes de internet grátis para assegurar que esses alunos não perdessem dois anos letivos.

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A verdade é que todos temos sofrido de “pobreza política”, com representantes baratos, que se vendem por qualquer coisa que lhes traga um punhado de poder. São políticos que apenas atuam em causa própria, implementando medidas populistas visando as próximas eleições, as quais, por sua vez, deveriam temer em vez de estarem tão empolgados com elas.

Autora

Patricia Lages é autora de cinco best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog https://bolsablindada.com.br/. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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