Safra de 2024 em Champagne foi uma das mais desafiadoras dos últimos tempos
Região produtora na França sofreu com geada, granizo e fungo
Enquanto grande parte da França se recuperava de uma das safras mais desafiadoras dos últimos tempos, Champagne ainda mantinha algum otimismo silencioso enquanto a colheita seguia até setembro.
Silencioso, porque os rendimentos foram baixos e os ganhos, imprevisíveis. Mas, ainda assim, otimista, porque, fora de Aube (sul de Champagne), Reims e o Vale do Marne (norte), as vinhas sobreviveram em grande parte com um rendimento modesto, amadurecendo durante um ótimo e necessário período de seca em setembro, o que é muito bom para a videira.
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A mãe natureza este ano “caprichou” nos castigos, distribuindo geadas que causaram perdas de até 80% em partes da Côte des Bar no final de abril. Além disso, o granizo atingiu o Vale do Marne, lar de grande parte das uvas Meunier de Champagne, em 12 de maio, afetando cerca de 500 hectares de vinhedos.
Não foram todas as regiões de Champagne que sofreram com geadas e granizo, mas, por outro lado, um inimigo em comum foi quase unanimidade: o míldio, fungo que ataca as folhas, ramos e frutos, prejudicando significativamente a quantidade e a qualidade das uvas.
Normalmente, o míldio é controlado por pulverizações à base de cobre, usadas por produtores orgânicos e que exigem reaplicações constantes, ou por fungicidas sistêmicos, utilizados por produtores não orgânicos.
Porém, nem tudo é desespero. Surpreendentemente, as uvas tintas Meunier no Vale do Marne tiveram um desempenho melhor do que no ano passado, e as expectativas em relação à qualidade são muito boas.
A Chardonnay, que floresce e amadurece mais tarde e, por isso, escapou em parte dos problemas na floração, promete boa qualidade. Por ser a segunda uva mais plantada na região (perdendo apenas para a Pinot Noir), melhora as expectativas para a qualidade dos champanhes de 2024.
O que realmente ajudará os produtores será o exclusivo sistema da “Reserva Interprofissional de Champagne”, no qual uma certa quantidade de vinho pode ser retida da colheita anterior, em caso de baixos rendimentos, e impedida de ser engarrafada como champanhe pelas autoridades.
Contudo, se no ano que vem a safra enfrentar problemas como os deste ano, os produtores com poucas uvas serão forçados a utilizar quase todas essas reservas para elaborar seus vinhos, o que significa que haverá pouca reserva para o próximo ano.
O fato é que 2024 será um ano em que, provavelmente, não veremos grandes Champagnes Vintage, mas certamente será melhor que 2023. E que comecem as orações por um 2025 mais generoso!
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