De dentadura a malas: Achados e Perdidos da Rodoviária de BH recolhe 180 itens por mês
Documentos, roupas, alianças, quadros e até plantas são diariamente deixados para trás; veja o que é feito com o material
A Rodoviária de Belo Horizonte recebe todos os dias cerca de 20 mil passageiros embarcando ou desembarcando. O volume de pessoas é maior do que a população de 666 das 853 cidades de Minas Gerais.
São pessoas de diferentes estilos de vida, etnias e crenças. Em poucos minutos de observação, você percebe quem está ansioso com a viagem, feliz com a chegada de alguém, triste por uma história deixada para trás ou apressado para chegar ao destino final. E na pressa, quem nunca deixou uma sacola em cima da mesa ou saiu sem pegar o guarda-chuvas? Agora já parou para pensar na quantidade de objetos esquecidos em um terminal rodoviário como o de BH?
Eu fiquei com essa curiosidade e foi até lá conhecer o espaço. É um cômodo simples e bem iluminado com a luz que entra pelas grandes janelas de vidro que ocupam toda a lateral da rodoviária. Nas outras paredes, prateleiras e armários abrigam pedaços de história que não terminaram de concluir a viagem.
Segundo a concessionária que administra o terminal, entre 1º de janeiro e 30 de abril deste ano, 723 objetos foram esquecidos por lá. Uma média de 180 itens por mês. Um dado me chamou atenção, desse total, apenas 17% são procurados pelos donos. Ou seja, apenas 17 em cada 100 peças são resgatadas.
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E os objetos mais procurados são os documentos, que também são os mais esquecidos. São diversos RGs, CPFs e cartões de banco que se acumulam um armário. Tudo fica catalogado aguardando o dono aparecer.
E, claro, há coisas inusitadas. Como exemplo, uma dentadura em ótimo estado de conservação. Ou uma dezena de bengalas que me fez pensar como essas os proprietários terminaram de chegar em casa. Isso, sem falar nos quadros lindos que poderiam estar enfeitando paredes e na cadeira de banho em perfeito estado de conservação.
E não é porque a pessoa está em viagem que não deixa a mala para trás. São diversas malas de todos os tamanhos. Desde as pequenas até as enormes que se parecem com malas de mudança.
Uma prateleira do Achados e Perdidos é dedicada a roupas. São peças de todos os tipos, modelos e tamanhos. Sapatos e óculos de sol ou de grão também não faltam por lá. Eles ficam bem próximos a um amontando de cadeiras de praias deixadas pelo caminho.
Uma funcionária do terminou me contou uma curiosidade. Durante os feriados de Carnaval os turistas ficam animados, mas não deixam objetos para trás. Segundo ela, o número de itens perdidos não aumenta. O que eles costumam perder são os documentos.
Como recuperar objetos perdidos na Rodoviária de BH?
Mas afinal, o que é feito com os objetos esquecidos e jamais procurados? Após 30 dias, a administração do terminal envia para doação as roupas e objetos que podem ser úteis a outras pessoas. Os documentos são enviados para a Agência dos Correios que fica na Avenida Afonso Pena. Para buscar algo que perdeu na Rodoviária, basta procurar a administração no segundo andar do terminal. Você pode fazer o primeiro contato por telefone, pelo (31) 2342-2600.
Depois de visitar o Achados e Perdidos da Rodoviária de Belo Horizonte passei a me achar menos esquecido e me perdoei por ter deixado o meu violão no ônibus quando eu tinha 14 anos. Pelo visto, não sou o único esquecido nesse mundo.
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