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DiFato Tudo Importa

Como as conquistas de medalhas nas Paralimpíadas servem de apoio a pessoas com deficiência no Brasil

País ficou em quinto lugar no quadro de medalhas

DiFato Tudo Importa|Dionisio FreitasOpens in new window

Imagem da notícia Gabrielzinho brinca para foto após mais um ouro nas Paralimpíadas (Foto: Silvio Avila/CPB)/Gabrielzinho brinca para foto após mais um ouro nas Paralimpíadas (Foto: Silvio Avila/CPB)

O exemplo veio de Paris com as cores da nossa bandeira. Assistir às Paralimpíadas de 2024 foi uma verdadeira demonstração de talento e inclusão, tendo como protagonistas os atletas brasileiros, que voltaram para casa com um recorde de vitórias. Com quase 30% de novatos entre os atletas da seleção, o Brasil conquistou um total de 89 medalhas, 25 foram de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, garantindo o quinto lugar no quadro geral de medalhas.

Gabriel Araujo, Gabriel Bandeira, Joyce e Cátia Oliveira, André Rocha e Beth Gomes são alguns nomes que trouxeram para casa não apenas o símbolo da vitória, mas também, a mensagem que o esporte é um exemplo de que as limitações podem ser superadas com estímulos adequados.

Um desempenho que superou as expectativas, que me fez questionar o quanto estamos estimulando a inclusão na nossa cultura. Dados da PNAD Contínua apontam que quase 20% dos cerca de 20 milhões de pessoas com deficiência no país são considerados analfabetas, enquanto em relação à população total esse índice mal passa dos 4%.

Ou seja, os nossos atletas não apenas elevaram o nome do Brasil no cenário esportivo mundial, mas também atuam como inspiração na luta contra o capacitismo, mostrando que a deficiência não define o potencial de uma pessoa, e que os valores e as relações em sociedade precisam ser rediscutidos por todos.


No Brasil, a luta contra o capacitismo ainda é um desafio diário. Por isso é preciso destacar a importância de políticas públicas inclusivas e de conscientização social para combater o preconceito e promover a igualdade de oportunidades para todos.

Vamos fazer um teste? Pense rápido quantas pessoas com deficiência trabalham no mesmo setor que você? Ou quantas são suas colegas na faculdade, na escola, ou na aula da academia? Poucos vão conseguir dizer que convivem com mais de uma pessoa com deficiência, independentemente de qual for.


Percebeu o quanto significa as 89 medalhas em Paris?

“Cada pessoa com deficiência tem sua dificuldade, não podemos negligenciar isso. Mas isso não significa que elas são incapazes de algo em razão da deficiência. Elas podem fazer o que desejarem. Para isso, existem tecnologias assistivas e profissionais como terapeutas ocupacionais, que trabalham para minimizar barreiras e ajudar qualquer pessoa com deficiência a viver de forma independente. Elas podem se tornar atletas, grandes profissionais na carreira que escolherem, frequentar a escola com outras pessoas com e sem deficiência, viajar, casar e constituir família. Esse é o verdadeiro significado que as Paralimpíadas trazem: não me limite pelo seu julgamento”, disse Naum Mesquita, Terapeuta Ocupacional e pessoa com autismo e altas habilidades.


As conquistas dos atletas paralímpicos são um lembrete poderoso de que o potencial humano não deve ser subestimado. Eles não só desafiam os limites do esporte, mas também quebram barreiras sociais, inspirando uma nova geração a olhar além das limitações impostas pela sociedade. Com cada medalha conquistada, eles reforçam a mensagem de que todos têm o direito de sonhar e alcançar seus objetivos, independentemente das adversidades.

Wilson Lacerda tem 72 anos e é um exemplo disso. Sentiu na pele a representação paralímpica ao garantir o seu direito de igualdade e inclusão respeitados. Há seis anos teve um AVC, perdeu parte dos movimentos e frequenta a academia para tentar fortalecer a musculatura e voltar a andar, mas enfrenta o olhar atravessado de muita gente. “Hoje eu consigo ficar em pé, e acredito que os exercícios vieram para me ajudar, para me recuperar, para ter equilíbrio…. É uma esperança para mim, o que me motiva mais é a esperança provocada pelos jogos paralímpicos, que outros sigam o nosso exemplo” disse o aposentado.

Traduzindo: o estímulo para outras pessoas com deficiência, mostrando que é possível sonhar grande e alcançar objetivos, independentemente das dificuldades, é a porta de entrada para o aumento das políticas de igualdade de direitos e representações. Cada vitória nas Paralimpíadas é uma prova de que talento e perseverança não conhecem limites.

“Na verdade, é o poder da superação. Muito gratificante conseguir uma melhora na vida de cada pessoa, o bem-estar e a busca na melhoria da estima e da saúde. É motivador para quem tem deficiência se sentir representado e encontrar um incentivo na luta diária, é perseverança e nunca desistir” afirma Dil Montel, Educadora Física.

As Paralimpíadas de Paris 2024 não foram apenas um evento esportivo, mas um movimento de transformação social que continua a ecoar em cada canto do Brasil, incentivando uma sociedade mais inclusiva e justa para todos.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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