Gaslighting e burnout: uma dupla perigosa no mundo moderno
Hoje vamos bater um papo sobre dois problemas que andam de mãos dadas no mundo atual: o gaslighting e o burnout. Pois é, meus caros, essas duas condições psicológicas estão mais conectadas do que você imagina!
Você já se sentiu exausto e, ao mesmo tempo, duvidando de suas próprias percepções? Se sim, pode estar enfrentando uma combinação perigosa de duas condições psicológicas cada vez mais comuns: o gaslighting e o burnout.
A relação entre elas é mais próxima do que se imagina. Quando alguém é vítima de gaslighting, seja no trabalho, em relacionamentos ou em outros contextos, o esforço constante para manter a própria capacidade e sanidade pode levar ao esgotamento extremo.
O gaslighting faz com que a pessoa gaste uma energia enorme tentando validar suas próprias expectativas em meio a visão distorcida. Esse desgaste emocional contínuo é um caminho direto para o burnout. Um exemplo de funcionário vítima de gaslighting fica visível quando a vítima tenta, a todo momento, ter o reconhecimento da chefia ou constantemente se diz incapaz de atingir as expectativas empresariais.
Mas antes vamos entender o que é cada um desses diagnósticos e transtorno.
O gaslighting é uma forma de manipulação psicológica onde a vítima é levada a questionar sua própria identidade, capacidade ou percepção da realidade. É como se alguém estivesse constantemente apagando e reacendendo as luzes, fazendo você duvidar se elas realmente mudaram.
“O gaslighting é um abuso psicológico pautado na manipulação e pode levar a vítima a duvidar dela própria, fazendo com que se questione acerca dos seus valores, da sua identidade, da sua capacidade e principalmente da sua sanidade mental. Quando a manipulação é ‘internalizada’ pela vítima, ela ocasiona efeitos emocionais e cognitivos muito prejudiciais”, explica a psicóloga Bárbara Hollanda.
Por outro lado, burnout é caracterizado pela exaustão emocional, mental e física, causado por estresse a longo prazo. É como se seu corpo e mente tivessem chegado ao limite e simplesmente desligassem. E isso pode ser desencadeado pelo gaslighting.
“O gaslighting advindo de um contexto profissional tem um alto risco de resultar na síndrome de burnout, pois tal síndrome é uma exaustão aguda relacionada ao ambiente de trabalho. Apesar de o burnout ser mais relacionado a um esgotamento profissional, também pode ocorrer em outras áreas da vida, nas quais existe alguma sobrecarga de ordem psicológica e emocional frequentes.
Uma pessoa que se pressiona e se cobra demasiado para ser reconhecida precisa se cuidar com seriedade para não desenvolver mais efeitos danosos, pois a autocrítica pode fazer com que a pessoa dificilmente esteja satisfeita e se contente com o seu desempenho e progresso” acrescenta Bárbara.
Sequelas perigosas
Mesmo com tantos malefícios, muitos ainda se aproveitam dessa situação para ter vantagens sobre funcionários e em relações afetivas. As sequelas chegam até mesmo a se mascarar em meio a correria da atual realidade que vivemos, onde a necessidade instantânea nos enfraquece e traumatiza. Alguns sinais que podem indicar que você está enfrentando essa dupla perigosa incluem, por exemplo: dúvida constante sobre suas próprias percepções (ou perda delas), sensação de estar “ficando louco”, exaustão extrema (um cansaço constante e debilitante), cinismo ou negatividade diante de relações interpessoais no trabalho ou vida pessoal. Mas talvez o sintoma mais debilitante seja a dificuldade em concentrar-se ou tomar decisões, o que terminar por criar ainda mais estresse e sensação de fraqueza emocional.
Mas como lidar com essas situações? “Quanto ao burnout, a primeira atitude a ser tomada é aceitar e buscar entender esse adoecimento e se respeitar neste momento desafiador e delicado. O apoio psicológico, a redução ou o afastamento do trabalho/contexto estressor e, a depender do caso, tratamento com medicamentos são as primeiras opções para tratar a síndrome de burnout. A compreensão e o apoio de pessoas próximas também geram efeitos benéficos.
As orientações dadas são apenas iniciais, pois sabe-se que há certa probabilidade de recaída. Mas para que o esgotamento agudo não ocorra novamente ou para que seja identificado a tempo, é preciso estar bem atento aos “picos de estresse e exaustão” antes de se tornarem agudos e, para isso, manter o acompanhamento psicológico de médio a longo prazo, fazer alterações na dinâmica de trabalho e se dar pausas e descansos são essenciais para o não retorno da síndrome de burnout” afirma a psicóloga.
Além disso, e felizmente, existem medidas que podem ajudar a enfrentar tanto o gaslighting quanto o burnout. O primeiro passo é confiar em si mesmo: mantenha um diário para registrar suas experiências e sentimentos. Isso pode ajudar a validar suas percepções.
Estabeleça limites e prenda a dizer “não”. Estabelecer fronteiras claras em seus relacionamentos pessoais e profissionais é um novo caminho seguro. Pratique o autocuidado: priorize atividades que promovam seu bem-estar físico e mental. Pense em praticar exercícios, meditação ou hobbies. Considere mudar sua relação profissional ou até mesmo de emprego (sim, existe vida além do trabalho). Busque apoio e ajuda profissional: Um terapeuta pode fornecer ferramentas valiosas para lidar com o gaslighting e prevenir o burnout.
“Enfrentar o gaslighting e o burnout pode ser desafiador, mas com consciência, apoio e as estratégias certas, é possível superar essas condições. Para sanar os traumas resultantes do gaslighting somados a síndrome de burnout, é orientado que a pessoa inicie um processo de acompanhamento e tratamento integrado/multidisciplinar, o que inclui a ajuda de profissionais de diversas áreas, considerando a visão integrativa do ser humano: o seu todo - mente, corpo e espírito. Isso porque os dois fenômenos psicológicos afetam a saúde da pessoa de forma integral. Assim, inicialmente, a própria pessoa pode iniciar seu processo de autodesenvolvimento se permitindo a importância de fazer pausas e estabelecer limites saudáveis, de se dar tempo e paciência para este momento, de aceitar suportes de terceiros e, em especial, de reconhecer e validar suas experiências” aconselha Bárbara Hollanda.
Enfrentar o gaslighting e o burnout pode ser desafiador, mas com consciência, apoio e as estratégias certas, é possível superar essas condições e recuperar o controle de sua vida e bem-estar.
Lembre-se: você não tá sozinho nessa! Muita gente passa por situações parecidas e consegue dar a volta por cima. O importante é reconhecer o problema e buscar ajuda quando precisar.
E aí? Já passou por algo parecido? Até a próxima!
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