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Escolhas

Até onde sei|Marcio Zebini

É fato que um dos nossos esportes favoritos é mascarar a verdade de nossos fracassos dinamitando os outros. É mais ou menos assim: “…queria ser artista plástico, mas meu avô era militar e…” E? Seu avô? Era quem? E assim vai.

“Poxa, abdiquei da minha vida pessoal pelos meus filhos e hoje…”. Ah tá, entendi. Você acredita em cegonha e tal. O lance parece ser negar nossas escolhas veementemente. E dá-lhe psicólogo.

Não adianta chegar para seu companheiro(a) após 20, 30 anos juntos e jogar para ele(a) a responsabilidade por você não ter ido ao Tibet porque estavam economizando para comprar a casa de praia. Puxe aquele arquivo oculto no seu hard-disk, e você verá que era você que queria a danada da casa. E porque seu amigo(a) tinha uma, mesmo com você detestando areia.

E também tem aqueles que refletem suas desilusões nas agruras do meio em que vivem. Não dá pro cara nascer pobre e, com seus próprios recursos, querer ser piloto de Fórmula 1. Simplesmente não dá. Mas a criatura reflete sua felicidade no impossível para questionar a sorte diariamente.

Tirando exceções - como arrimos de família muito jovens ou pais de portadores de deficiência grave - as pessoas têm macro-escolhas. E as fazem. Mas esquecem que as fizeram. E, mesmo nos casos mais difíceis, ainda restam as micro-escolhas. Se você gosta de ler, leia um livro. Dá pra estar feliz lendo. O que não dá é pra ler o mesmo livro meio a contragosto pois seria muito melhor lê-lo em um café em Paris. Apenas leia o livro. E sorria.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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