Logo R7.com
Logo do PlayPlus
R7 Entretenimento – Música, famosos, TV, cinema, séries e mais

Muitos anos de vida

Até onde sei|Octavio Tostes

Vista aérea de Miracema (RJ) por drone
Vista aérea de Miracema (RJ) por drone

No grupo dos colaboradores do “Liberdade de Expressão” no zap, Jadinho avisou que a edição de setembro comemoraria o aniversário do jornal. “Vinte anos de perseverança. Quem quiser escrever sobre a data…”. Eu matutava outro assunto mas, macaco velho, vou tentar seguir o editor.

Para um recém-nascido, 20 anos podem ser apenas o começo de uma vida proveitosa; ou o marco de uma trajetória interrompida à bala como a de milhares de jovens negros no Brasil. Se para alguém de 20 a vida é promessa, para quem chegou aos 40 duas décadas terão sido meio caminho andado; aos 60, um trecho. Aos 80, as vivências da mocidade talvez sejam lembradas como um sonho, na observação idosa do historiador Eric Hobsbawm.

Uma publicação cultural, independente e editada no interior completar 20 anos é uma jornada. Várias iniciativas semelhantes tiveram a vida breve das flores de cerejeira desta época do ano. Neste setembro o “Liberdade” é, ao mesmo tempo, um jovem com a vida toda pela frente e um ancião a recordar sonhos. Quais versos d. Ricarda, fundadora e mãe do Jadinho, escreveu na primeira edição e o que anunciavam?

Enquanto o jornal refloria mês a mês, ano a ano, o que aconteceu com Miracema, enraizada no Noroeste fluminense? O povo dos morros cresceu com as famílias que não viam mais futuro na roça. Cinco prefeitos se elegeram e reelegeram assim como os vereadores. O sino da Matriz ressoou lutos e festas. Quem passou pelas calçadas e vielas nas manhãs e tardes paradas ouviu, aqui e ali, em chorinhos miúdos que despertavam murmúrios de acalanto, novos sinais de vida.


No Brasil que abraça Miracema, de 1997 a 2017, reelegemos FHC, Lula e Dilma, a impedida. Quanto a eles, fossem nossos eleitos ou preteridos, passamos do elogio ou crítica para o aplauso ou vaia, adoração ou execração. Nesta escalada experimentamos um radicalismo odiento que nos parece inédito. Agora nos debatemos em um impasse temeroso enquanto conquistas nacionais e sociais são liquidadas e subtraídas.

No mundo que engloba o Brasil, seus donos mais visíveis, falando da Casa Branca ou do Capitólio, reescreveram conforme a ocasião o discurso que sempre aponta inimigos externos para reforçar a própria identidade. Nada amistosa, como Trump ressalta a cada tuíte e evidenciara Obama - ganhador do Nobel da Paz, passou à história como o presidente americano que mais guerreou. 

E nossa prosa já envereda pela mesma toada que minha mãe, ao comentar a crônica do mês passado, achou triste. Perdoe. Nesta data querida do “Liberdade”, ponto de encontro, desejo ao jornal, leitores e colaboradores, muitos anos de vida - quem sabe em nossas conversas não vislumbramos algumas felicidades.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.