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O RESGATE DOS SOLDADOS RALOS

Até onde sei|Carmen Farão

O soldado Desmond Doss
O soldado Desmond Doss

Vi "Até o Último Homem". Descontextualizei. Pensamento foi: “o que passa pela cabeça de quem tem o poder de salvar uma vida? Física, moral e social? O que significa, para quem pode, dar oportunidade para uma pessoa?

Em terras desprovidas de moral, perguntar isso soa como injúria. Salvar vidas? Não, não orna. Temos que voltar no tempo para resgatar essas características perdidas. Uma grande guerra horrorosamente cercada de romantismo e bons

moços. Enfermeiras caridosas e mulheres fortes dispostas a assumir o trabalho dos seus homens para garantir a sobrevivência própria e do país. Ali existia regra social, moral. Características que hoje podem ser entendidas como "respeito", vá... Um ingrediente na composição humana cada vez mais “rare edition”.

Havia aquele desenho quando minha filha era pequenina, bem pequenina, um dígito. O patinho gritava o tempo todo correndo pela história: "O céu está caindo! O céu está caindo!". Desesperado, coitadinho. "O Céu está caindo! O Céu está caindo!". Mais do que assustado, ele queria avisar o amigo ganso, o colega gato, o primo pássaro, o estranho jacaré, o imenso elefante para que se protegessem porque o céu estava caindo. Esse patinho bonitinho também foi - com o perdão do trocadilho - um Desmond Doss animal.


Ele queria dar oportunidade para que seus amiguinhos sobrevivessem diante da tragédia iminente. Enquanto ele pudesse correr e avisar mais e mais bichos estava disposto a. Recebeu em troca a interpretação de cada animal de acordo com sua estatura e atividade e status quo. Chegaram todos à conclusão de que era apenas o movimento das nuvens e que o céu não estava caindo. Não daquela vez. E todos seguiram mais amigos, mais atentos.

Schlinder e a lista de Desmond Doss: Just One More! Just One more!


Desmond Doss arrastou, carregou nas costas, empurrou com as pernas, puxou com o corpo, salvou 75 vidas. Homens que ainda respiravam, deixados para trás num terreno minado de inimigos cuja moral e honra era morrer e matar pelo seu país, pela sua causa. 75 baixas necessárias no horror incontrolável. Menos pior 75 que 200. Mas Desmond queria salvar todos, quantos pudesse. E recriou famílias destruídas. Devolveu filhos aos seus pais e pais aos seus filhos. Como Schlinder arrasado por não conseguir colocar mais nomes em sua lista.

E Nesta Guerra Brasileira Contemporânea? Quem Pode salvar, salva?


Ninguém tem obrigação de dividir seus méritos ainda que não o fazer seja pouco cristão. Não é o caso de dividir a terra. Talvez reconhecer que neste campo minado, pulmão constipado do mundo, há merecedores de oportunidades seja uma boa. Gente trabalhadora. Fiel, criativa, proativa. Produtiva. Inteligentes e competentes estão perdigotos nas falácias de representantes de classe, empregadores e políticos.

A salvação hoje requer muito pouco esforço e uma tremenda recompensa. Sem "nhém-nhém-nhém", falo dos resultados, esperados ou requeridos. O salvador terá o fôlego de quem resgatou do naufrágio. Uma oportunidade, apenas.

Mas, qual... hoje os tempos são outros. Divagamos em recados e correntes cibernéticas. Ainda nos comovemos com aquela moral lá. Nos oferecemos, mas temos medo de romper a tela desvirginando uma nova maneira de agir e pensar. Não, não orna. Ainda assim, acredito que entre soldados ralos há heróis à espera de oportunidade.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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