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Pai de cachorro

A lição importante de Nahim em seu velório

Caixão foi colocado no chão e demonstrou o amor do cantor por seus cães

Pai de Cachorro|Celso ZucatelliOpens in new window

Velório de Nahim acontece na Assembleia Legislativa de São Paulo Rodrigo Romeo/Alesp - 14.06.2024

A preocupação do cantor Nahim em permitir que seus cães se despedissem dele chamou a atenção de todo o Brasil. O caixão colocado no chão durante o velório foi mais um sinal do amor dele por seus cães, algo que ele mostrou durante toda a sua vida e até no triste momento da morte.

Fazer seus cães entenderem que você partiu os protege de uma eterna espera. Quem já chorou (como eu) com os filmes que contam a história do cão japonês Hachiko sabe bem o que quero dizer. Para mim, são os filmes mais tristes da história: a versão americana de 2009, com Richard Gere, Sempre ao Seu Lado, e o original japonês, de 1987, Hachiko, ainda mais triste, ambos inspirados na história real de um cachorro que realmente morreu esperando o dono voltar em uma estação trem, mesmo após o dono estar morto. Para homenagear e nunca se esquecer de Hachiko, os japoneses construíram uma estátua exatamente no lugar em que ele passou anos esperando por seu tutor, estátua que eu visitei em Tokio e onde chorei tudo outra vez.

O fato é o seguinte: o que Nahim fez deu aos cães a oportunidade de entender que ele não está mais aqui, minimizando o sofrimento que a espera diária pela volta dele pode gerar. Segundo a Dra. Luiza Cervenka, terapeuta comportamental de cães e gatos, permitir que os animais se aproximem do corpo de seus tutores ou de outros animais da mesma família quando eles morrem é muito importante para eles sejam capazes de entender o que aconteceu. A gente sabe que poucas pessoas farão o que ele fez, de pedir que o caixão fique no chão, mas há outras maneiras. “Mesmo que os cães não possam chegar tão perto do corpo, como aconteceu no velório do Nahim, alguém pode pegá-los no colo e levar até o tutor ou só fato de estar no mesmo ambiente, graças à capacidade olfativa deles, já permite uma compreensão do que aconteceu”, explica Luiza.

Fazer isso é um ato de amor com os animais, mas Luiza acrescenta outras orientações para ajudar no luto dos cães, que é diferente do nosso. “No caso deles, a principal quebra é a da rotina, e tirar isso deles provoca sofrimento. É importante que passeios e alimentação sejam realizados nos mesmos horários de antes e, nesta fase, vale mimar mais, com petiscos e brinquedos, por exemplo.”


Ela ainda dá outra dica. A família pode deixar peças de roupa do tutor falecido durante um tempo por perto dos cães para que eles façam esta despedida aos poucos, já que realmente vão sentir a ausência.

Luiza faz questão de lembrar que estes cães também podem ser elementos importantes para o luto dos humanos que perderam alguém especial e garantir que eles estejam bem também será importante neste processo.


Por fim, ela reforça que devemos conversar com os cães e explicar o que aconteceu. “Eles podem não entender palavra por palavra do que a gente fala, mas eles conseguem compreender a nossa emoção com os nossos gestos, com as nossas expressões, então converse com eles e explique o que aconteceu”, recomenda.

Eu sei bem o amor que Nahim tinha por seu cães porque nós frequentávamos, com nossos cachorros, a Praça Vinícius de Moraes quando morávamos no bairro do Morumbi, em São Paulo. E era muito amor e muita festa sempre que estávamos juntos.

Amigo, descanse em paz. E muito obrigado por ter nos mostrado, até depois da sua morte, que nossos filhos de quatro patas merecem todo amor e respeito.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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