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Últimos três fotógrafos lambe-lambes de BH lutam para eternizar profissão na cidade

Xavier, Malaquias e João viveram era de ouro no Parque Municipal, se adaptaram às câmeras digitais e resistem há décadas na região

Descubra BH|Pablo NascimentoOpens in new window


João, Xavier e Malaquias, os três últimos fotógrafos lambe-lambe de BH
Fotógrafos lambe-lambes de BH resistem contra o tempo

Quem visitar o Parque Municipal, ponto turístico do Centro de Belo Horizonte, vai encontrar muitos gatos, brinquedos do parque de diversões, cheiro de pipoca e, aos fins de semana, três idosos com um carrinho e cenário para fotos. Eles são João, Malaquias e Xavier, os últimos três fotógrafos lambe-lambes da cidade.

A profissão centenária tem esse nome por causa de um hábito dos fotógrafos da época. “As câmeras tinham uma chapa de vidro. Dentro da câmara escura, a gente tinha que lamber a chapa para ver qual lado estava o negativo do filme. Se usasse o lado errado, a foto não dava certo”, explica Francisco Xavier, aos 84 anos.

Xavier, como é mais conhecido, se dedica ao ofício no Parque Municipal há 61 anos. Ele começou como ajudante e, com o tempo, comprou o próprio equipamento e fez clientela suficiente para garantir o sustento da família.

O sucesso da fotografia lambe-lambe, segundo o trio, vinha da modernidade. Em uma época em que o acesso a fotografias era difícil pelo alto custo, os clientes registravam momentos felizes e recebiam a imagem em até 30 minutos devido ao laboratório integrado que os lambe-lambes carregavam para revelar as fotos analógicas na hora.


Câmera fotográfica antiga, lambe-lambe, parque municipal, Belo Horizonte
Câmera fotográfica de lambe-lambe do Parque Municipal de BH é centenára Pablo Nascimento / R7

“Quando pessoas do interior vinham a Belo Horizonte, sempre tinham que vir ao Parque Municipal, tirar uma foto lambe-lambe e comer pipoca. Quando não faziam isso, era a mesma coisa de não terem vindo a BH”, recorda Xavier.

As câmeras dos fotógrafos do parque municipal já capturaram momentos felizes entre amigos, familiares e casais. Os fotógrafos também já viram o fim de casamentos. “Teve uma vez que uma cliente parou aqui e ficou assustada. Ela disse que viu foto do marido dela com outra mulher pregada na minha câmera. Eu disse que não tinha nada a ver com aquilo e, depois, até tirei a foto de lá”, lembra João Pereira, de 68 anos, o mais jovem do trio e que tem três décadas de parque.


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Xavier, Malaquias e João carregam com orgulho a profissão de fotógrafo lambe-lambe, mas atualmente a produção se modernizou. Os clientes são fotografados com câmeras digitais. As imagens são impressas em equipamentos portáteis em segundos.

A profissão surgiu em Belo Horizonte na década de 1920, com o ‘boom’ econômico e técnicas trazidas da Europa. As fotos de baixo custo eram usadas até em documentos. Artistas e pessoas comuns já passaram por lá. Hoje, o ofício é considerado patrimônio cultural da cidade. A prefeitura desenvolve um projeto para estimular a presença dos três remanescentes em feiras e eventos que honrem a memória da profissão.

“Quero dizer para o povo de Belo Horizonte, Minas Gerais, do Brasil e do mundo. Quem quiser uma foto lambe-lambe precisa vir rápido ao Parque Municipal porque a profissão está acabando”, alerta Xavier.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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