Romance de estreia de Emmanuelle Pirotte explora força da amizade
“Ainda Estamos Vivos” toca no tema sensível da Segunda Guerra e do antissemitismo. O livro desconstrói ideias maniqueístas sobre o período de forma respeitosa e empática
Ligia Braslauskas Literatura|Do R7 e Ligia Braslauskas
![O livro prende do começo ao fim](https://newr7-r7-prod.web.arc-cdn.net/resizer/v2/UGFBZ62PMBJO5I5BA5NIYQ6K7A.jpg?auth=069cd05a254e3cd436521fc85819037531b6da9f5bbea42697f1489d42d252b7&width=1000&height=1500)
Escrito a partir de um roteiro cinematográfico, o livro “Ainda Estamos Vivos”, de belga Emmanuelle Pirotte, parte do tenso encontro de uma menina judia e um soldado alemão na Segunda Guerra. Renée diz ter 7 anos, mas não sabe sua idade, nem mesmo seu nome real. A tragédia da guerra a fez se refugiar em porões de famílias diferentes durante toda a sua vida. Em mais uma de suas corridas pela sobrevivência, é entregue a dois soldados com uniformes americanos, que se revelam infiltrados alemães em pouco tempo.
O que era para ser a cena de assassinato da criança ganha um fim inesperado. Mathias, um dos soldados, é movido por uma emoção inexplicável e atira em seu parceiro para defender Renée. A partir desse acontecimento, os personagens entram em uma jornada de descobertas. O leitor entende Mathias e Renée conforme eles conhecem um ao outro e a si mesmos.
A menina é dona de uma maturidade fora do comum. O caos da guerra, a ausência da família e a falta de informações sobre a sua origem transformaram Renée em uma criança de sabedoria quase milenar. Observadora, aprendeu a se portar diante das famílias por onde passou e a ter certa frieza. Por muitas vezes, isso garantiu sua sobrevivência.
Mathias, frio e calculista, reage a Renée de forma inconstante. Ora com encanto, ora com raiva. O soldado é sempre imprevisível e surpreende o leitor a cada capítulo.
“Ainda Estamos Vivos”
Tradução de André Telles
210 páginas
R$ 49,90
Editora Versus
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