Chernobyl na guerra: soldados russos entram em área contaminadaFlipar|Do R709/04/2022 - 02h00 (Atualizado em 03/04/2024 - 20h43)twitterfacebooklinkedinwhatsappgoogle-newsshareAlto contrasteA+A-Em tempos de guerra entre Rússia e Ucrânia, o governo ucraniano informou que soldados russos cavaram trincheiras ao redor da Usina de Chernobyl A área é conhecida como Floresta Vermelha e tem elevado índice de contaminação pela radiação da maior tragédia nuclear da história: o acidente de Chernobyl. Um funcionário de Chernobyl disse que os soldados não usavam qualquer proteção e, portanto, ficaram expostos à poeira radioativa que pode causar graves doenças. O acidente foi à 1h 23 minutos e 47 segundos da madrugada de 26/4/1986, em Pripyat, na então União Soviética, sede da Usina de Chernobyl. Esta cidade fica na Ucrânia (na época membro da URSS e agora alvo da guerra da Rússia). O reator 4 (como este da foto, que era o número 1) explodiu, durante um teste de segurança, matando dois trabalhadores que operavam a unidade. Um incêndio durou quatro dias. A explosão deixou o reator nuclear exposto e o incêndio jogou uma grande quantidade de partículas radioativas na atmosfera. O vento espalhou a radiação por milhares de quilômetros, alcançando até mesmo os Estados Unidos e o Canadá, a mais de 7 mil km de distância. Apesar do risco de morte e de doença para as pessoas, a ditadura soviética tentou esconder o acidente. Os suecos foram os primeiros a alertar a comunidade internacional de que algo estava errado. Pressionado por questionamentos sobre a elevação do nível de radiação em vários países, o governo soviético assumiu o acidente. A população de Pirpyat só começou a ser evacuada 36 horas depois da explosão. Ficou todo este tempo exposta na zona de maior risco de contaminação, até que o governo enviasse 1.200 ônibus para a retirada das pessoas. Jorge Franganillo Os 50 mil habitantes foram orientados a deixar os animais domésticos e os alimentos. Estoques inteiros das lojas ficaram inutilizados. Brinquedos de um parque de diversões - que seria inaugurado 4 dias após o acidente - viraram ruínas sem nem mesmo terem sido utilizados. Uma zona de exclusão (foto) foi criada num raio de 30 km de distância da usina, área que passou a ter acesso proibido, exceto para credenciados. Essa área ficará inabitável por pelo menos 3 mil anos. Além do risco de doença física com a radiação, as pessoas ficaram traumatizadas pela mudança repentina de vida, deixando tudo que tinham para trás. Casas foram abandonadas com tudo dentro. Os locais mais atingidos pela radiação foram a Ucrânia, Bielorússia e Rússia. Não se sabe quantas pessoas morreram em consequência do acidente de Chernobyl além dos dois operadores que estavam diretamente envolvidos e 29 que morreram logo depois. Estudo da ONU estima 16 mil mortos pela contaminação na Europa. Até 2005, 6 mil crianças desenvolveram câncer de tireoide por causa da radiação. Famílias faziam tratamento e levavam as crianças para atendimento médico a convite de governos estrangeiros. O desastre foi causado por erros humanos na operação e nos procedimentos de segurança do reator. Os restos do prédio do reator 4 foram colocados na O objetivo do sarcófago é reduzir a dispersão dos restos de poeira e detritos radioativos. Um monumento foi criado, com mãos erguidas, em homenagem às vítimas da tragédia nuclear. A construção do sarcófago e as medidas tomadas para conter o avanço da radiação (apagar incêndios, limpar terrenos, retirar material radioativo) ficaram a cargo de bombeiros e voluntários chamados de liquidadores, considerados heróis. Na foto, medalha concedida a eles. Eram milhares de liquidadores, pois precisavam se revezar para retirar material radioativo, ficando o mínimo de tempo possível em exposição. Parte do trabalho era feita pelo ar, com lançamento de produtos para uma tentativa de descontaminação. E parte do serviço, que exigia muita coragem, era desempenhada em terra, com atividades para reduzir o volume de material radioativo. Muitos morreram em consequência de doenças causadas pela radiação. Na foto, exposição de fotos de liquidadores que não resistiram. Os liquidadores também são lembrados em monumentos, como este na Ucrânia. As pessoas expostas à radiação que sobreviveram sempre precisam de cuidados médicos e acompanhamento. Muitas se aposentaram por causa da radiação. Na foto, Veteranos de Chernobyl, sobreviventes da tragédia. Como muitas pessoas adoram um perigo, a zona de exclusão tornou-se turística. Desde 2010, o governo faz medições constantes das emissões radioativas. Quando o índice está baixo, o acesso de visitantes é liberado. As pessoas usam medidores de radiação o tempo inteiro. São obrigadas a usar roupa que cubra todo o corpo e máscara. Na saída, precisam retirar a roupa e jogar fora no lixo. O turista também é instruído a não comer nada na zona de exclusão. Pode levar água, mas beber rapidamente, sem deixar a garrafa aberta à toa. Não há banheiro. google-newsfacebooktwitterwhatsapplinkedinshare