No aniversário de Clarice, uma biografia única

Benjamin Moser escreveu um biografia única sobr Clarice Lispector. Tive a sorte de ganhar “Clarice,”, da ex-editora CosacNaify de um ex-repórter, Miguel Arcanjo Prado, hoje dono de um site próprio voltado a notícias da área de cultura. Clarice sempre foi um amor e uma obsessão. Sua literatura rica, única e pesada sempre pairou sobre meus pensamentos como algo novo e inusitado, ainda que em releituras. O mesmo me ocorre com Virginia Woolf.

Voltando a “Clarice,”, a obra de Moser é tão completa e tão bem escrita que tenho dúvida se lerei algo superior sobre ela, tamanha a quantidade de detalhes e informações biográficas que há no livro. Isso é realmente um joia, quando se trata de uma mulher que não falava de sua origem, de sua vida pessoal, simplesmente falava na escrita.

No livro há uma citação muito interessante sobre repórteres que tentaram entrevistá-la e contar sobre sua vida. Um deles, frustrado, resume as respostas da escritora: “Não sei, não conheço, não ouvi dizer, não entendo do assunto, não é do meu domínio, é difícil explicar, não sei, não me considero, não ouvi, desconheço, não há, não creio”.

“No ano anterior ao de sua morte, uma repórter que viera da Argentina tentou fazê-la se abrir. ‘Dizem que a senhora é evasiva, que não gosta de conversar. Não é o que me parece.’ Clarice respondeu: ‘Obviamente eles estão certos’. Depois de extrair respostas monossilábicas, a repórter preencheu o silêncio com uma história sobre outro escritor.”

Isso era Clarice, e que bom, pois foi única. Mas há que se destacar que a tudo o que não disse, escreveu.

Enfim, CosacNaify não existe mais. Não sei se outra editora assumiu a obra de Moser, caso você não encontre em algum sebo, leia online aqui, é indispensável, obrigatória.