Nigerianos sobreviveram 14 dias espremidos em leme de navioFlipar|Do R717/07/2023 - 19h18 (Atualizado em 03/04/2024 - 15h24)twitterfacebooklinkedinwhatsappgoogle-newsshareAlto contrasteA+A-Uma reportagem do Fantástico, exibida neste domingo (16/07), mostrou o resgate dos quatro nigerianos que chegaram ao Brasil depois de 14 dias escondidos no leme de um navio. A Polícia Federal recebeu o chamado de resgate por volta das oito horas da manhã do dia 10/07, após um dos nigerianos pedir socorro. Ao chegar no local, um agente da PF se comunicou em inglês com um dos nigerianos. O resgate levou cerca de 40 minutos. Os imigrantes tiveram que se espremer em um espaço de 3 metros quadrados para fugir da chuva e do frio. O compartimento faz parte da caixa de máquina do leme, um espaço que serve para a manutenção do dispositivo. O espaço se assemelha ao de uma caixa d’água. A viagem inteira levou 14 dias. O navio saiu do Porto de Lagos, na Nigéria, no dia 27 de junho. Após o resgate, dois dos imigrantes decidiram retornar para a Nigéria com as despesas pagas pela seguradora do navio. Os outros dois nigerianos passaram alguns dias em um abrigo e serão acolhidos por uma missão da Igreja Católica. Segundo o Alto Comissariado para os Refugiados da ONU (ACNUR), eles terão os mesmo direitos de um cidadão brasileiro. A Defensoria Pública da União solicitou pedido de refúgio para os dois imigrantes que desejam permanecer no Brasil. Quando chegaram ao Brasil, no dia 10 de julho, eles ainda não sabiam onde estavam. Segundo a reportagem, eles tinham a intenção de ir para a Europa. O leme, onde os nigerianos ficaram, é a estrutura do navio que dá a direção, localizada na parte traseira do casco, que fica em contato direto com a água. Segundo os agentes da PF, um dos maiores perigos era os nigerianos caírem no oceano se desequilibrassem. Ainda segundo os policiais, havia o risco dos homens se afogarem por estarem fracos e desidratados devido à longa travessia em péssimas condições. Os nigerianos não tinham espaço para ficarem deitados na estrutura. Durante o dia, fazia muito calor e à noite, muito frio. Os homens estavam sem tomar água e sem comer há pelo menos três dias. Assim que foram resgatados pela PF, os imigrantes receberam comida e água. Roman, de 35 anos -- o nigeriano que pediu socorro --, disse que buscava um Ao Fantástico, ele relatou não ter mais pai e a mãe, viúva, tem outros três filhos pequenos para cuidar. “Você fica com medo porque a água é forte e o barulho do motor... Você só pede a Deus para te proteger, você não pensa em mais nada. Era um lugar perigoso e arriscado, todo mundo estava com medo. Temos sorte de estar bem O outro nigeriano resgatado tem 38 anos e se chama Matthew. Ele tem dois filhos e perdeu a casa depois de uma enchente ocorrida na Nigéria. Essa não é a primeira vez que um caso assim acontece. Em 2022, uma foto com três nigerianos sentados no leme de um navio rodou o mundo. Eles viajaram por 11 dias até chegarem nas Ilhas Canárias. País mais populoso da África, a Nigéria conta com 218 milhões de habitantes e, apesar de ser a maior economia do continente, tem altos índices de pobreza e desemprego. Só em 2023, o Brasil já recebeu 230 solicitações de refúgio de nigerianos. google-newsfacebooktwitterwhatsapplinkedinshare