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A dor de Virginia não chega nem perto da dor das mães de Blumenau

Em vez de questionar uma famosa como mãe, deveríamos estar questionando o que fazer para evitar tragédias como a de hoje 

Keila Jimenez|Do R7 e Keila Jimenez


Virginia Fonseca e Evaristo Costa
Virginia Fonseca e Evaristo Costa

Custo a acreditar que, no dia em que crianças foram feridas e mortas e famílias foram dilaceradas a machadadas em um crime brutal dentro de um ambiente escolar, as redes sociais estivessem tomadas de questionamentos que envolvem o fato de Virginia Fonseca ser ou não ser uma boa mãe por ter muitas babás trabalhando para ela.

De um lado, Virginia chorava com os questionamentos do tribunal da internet sobre suas qualidades maternais, em contraponto a um questionamento feito pelo também influenciador de plantão, o jornalista Evaristo Costa.

Enquanto isso, o Brasil e o mundo se chocavam com filhos de alguém (que não os da Virginia) sendo feridos e mortos com um machado por um homem que invadiu uma creche em Blumenau.

Não é preciso ser psicanalista nem especialista em mazelas humanas para entender que a dor de Virginia, o questionamento de Evaristo e as torcidas organizadas de ambos os lados são ínfimos, pequenos, diante da dor dessas famílias assoladas por esse massacre infantil.

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Entendo que o tribunal parcial da internet não para e precisa de "réus" diários para investigar, julgar e condenar, como rege a única lei que costuma atingir a todos sem discriminação: a lei do cancelamento. Também entendo o lado da Virginia e dos virginers de plantão, pois ser questionada como mãe não é fácil pra ninguém. Não é fácil nem justo, nem vindo do espirituoso Evaristo Costa. Mas a questão não é essa.

Quando, entre uma dancinha e outra, um meme e outro, somos atingidos em cheio por um crime brutal como esse, sem explicações, sem que possamos ao menos entender o que se passa, somos tomados por um loading eterno de pensamentos e dor. Nosso cérebro fica tentando "carregar" algo que aparentemente não existe: uma resposta para tamanha crueldade. Não há espaço na nossa central de indignação para Virginias e Evaristos; pelo menos não deveria haver.

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Casos como esse de Blumenau deveriam nos fazer pensar sobre como estamos tratando nossas crianças, os seres humanos, o que anda acontecendo com a nossa saúde mental? 

Virginia ser ou não ser boa mãe, ter ou não ter mil babás... Ah, esse não é o questionamento do dia, acho que na verdade de dia nenhum...

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Nossos questionamentos devem ser outros. A dor da Virginia não chega nem perto da dor das mães e pais que perderam seu filho assassinado em uma creche. As explicações de Evaristo não são importantes perto das explicações que a polícia e as autoridades estão buscando para um crime de tamanha crueldade.

Os Zé Engajamento da Silva e as Marias Publipost podem esperar diante de barbárie, de tanta consternação. Ou melhor: quem sabe, pudessem usar o talento e a força do influenciar para ajudar a sociedade a sair desse looping eterno de violência em escolas. Precisamos mais do que 15 segundos de atenção da geração TikTok para tentar achar um caminho. Precisamos mais engajamento que os "grupos" de bom-dia do Face e os likes do Instagram para pensarmos sobre isso.

Assim como mudamos nossa foto do perfil, temos de mudar nossos questionamentos. Não me interessa saber se Virginia é ou não boa mãe. Eu só quero saber como podemos evitar que outras mães passem pelo que as mães de Blumenau passaram hoje.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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